Sei menos hoje do que ontem. É fato. Estendo raízes em busca de uma água que sempre, está um passo além de onde eu tinha certeza. Causo dor, na medida em que também a sinto. E retalio. As vezes com força desnecessária, as vezes sem força nenhuma. A dor e eu temos uma convivência – se não pacífica – pelo menos honrosa. A dor, que vem abraçada com o espanto e que deixa em minha porta sua filha macilenta e chorona: tristeza. Tristessa beat. Arma de matar retardados e retardatários. Ouço na cabeça um pedaço do doors: “the end”. É verdade, o final será sempre o final. Não existe: “e se eu...”. não existe sansão sem dalila. Nem a dama será dama sem o vagabundo vira-latas que late sorridente como só conseguem os cachorros de roberto carlos. Descubro bem devagar os panos que cobrem os velhos móveis. Dentro de mim uma poeira de muito tempo. Sei dos riscos. Ninguém entra em uma caverna imaginando o que tem dentro. A adrenalina corre nas veias. Célere. E o gosto esquisito de nada sobe em direção a língua. Uma onça? Um dragão? O bicho papão? Eu. Coberto pelos panos. Eu. Coberto pela poeira de erros e acertos. Eu. Me engolindo e vomitando sempre na esperança do novo. Ovo. O novo sem espanto. A ave que sai depois de quebrar cada pedaço desnecessário do escudo protetor. Do medo. Não. Eu não estou velho. São meus olhos que se gastaram olhando para um sol que nunca se deu todo. Não, eu não estou ficando louco. Escuto chuck berry cantando Carol. Uma guitarra primal, veloz e limpa. Sei menos hoje do que sabia ontem. E o que não sei é a mola que me joga. Que não me deixa parado. Rock is rolling.
O rock é minha pedra de toque.
O rock é minha pedra de toque.
2 comentários:
"Ninguém entra em uma caverna imaginando o que tem dentro."
Mas e quando alguém entra e toma um puta duma porrada lá dentro, como a gente convence essa pessoa a entrar de novo e dizer que lá vai ter vento fresco e rio tranqüilo?
Deu uma garibada no blog e tá produzindo no gás, heim, velhinho? Massa os textos, com o mesmo poder do livro. Você é o cara. Mesmo!
Beijo
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