29 setembro, 2007


Sebastiana descobriu a cor das flores aos dezoito anos. Assim, sem mais sem menos. Olhou uma flor no jardim de frente a casa de sua mãe e disse: “azul”. Como se dissesse algo de incomensurável. Seria banal, não fosse o fato de Sebastiana nunca ter falado até aquele dia. Sua mãe teve uma crise tão grande de alegria que vomitou vinte e três besouros. Seu pai, a novecentos e vinte e sete quilômetros dali, sentiu uma coisa no coração. Pensou: “puta que pariu! Ou eu tô tendo um ataque, ou Sebastiana descobriu o mistério das palavras.”