10 junho, 2009


O ente, contente
Senta-se sereno aos pés de deus
Deus, sensciente,
Mexe no controle remoto da sua
Super pay per view
O ente, paciente, espera.
A alma de deus, oniptente
Mastiga os ossos do último homem
E vomita begônias multicoloridas
Deus, onipresente,
Embala-se com papéis brilhantes
Se auto remete
Pra puta que pariu.

09 junho, 2009


Noite quente de poucas luzes
No céu turvo
Meia dúzia de nuvens de um tom mais escuro
Algumas estrelas
Um garçom entediado
Um cantor de bar que acrescenta letra a letra da música
Noite quente
Uma pontada no peito. Infarto?
Gazes, talvez
Fecho os olhos por um instante
Não é esse bar
Não é esse o dia
Não é essa a cidade onde perdi meus sapatos
Onde a dengue me derrubou uma semana entre a vida e o tédio
Noite quente
Amanhã o relógio vai me acordar
E o por do sol vai estar passando em slow motion na retina do tempo
Tempo nenhum
Mais uma cerveja
Um gole a mais sem gosto
O cantor recria mais uma canção de ninar vampiros
A mágica da noite não amadurece as frutas compradas sem cheiro
Em prateleiras coloridas de supermercado
A fome
A noite é pura fome
E a fome vomita ânsia
Que come a noite
O garçom
E o cantor compositor de um dia que não virá.

08 junho, 2009

desaprender


A peça que move o carro?
Lâmpada
A primeira letra?
Jota
Adoçante natural?
Bicicleta
Traje de luxo?
Esparadrapo
Uma dúzia?
Mamãe
Uma data importante?
Azul
O nome do presidente?
Macaúba
Quanto é dez mais dez?
Maria
Quando eu crescer?
Polissílabo