26 outubro, 2009


Quero porque quero. E o querer me movimenta como se motor fosse. Ilegal. Como se fosse. Voraz como um afrodisíaco ainda não inventado. Dengo. Como se fosse dengo. Assim como se fosse um sorvete de gosto engraçado. Fruta gelada talvez. Como se fosse. Ansiedade de ver na cidade um caminho que minimize a dor de viver do resto. O cérebro, esse motor engraçado, ainda bem. Sei não das coisas que penso que sei. Abraço dado no que olha a bunda com fome. Silencio quando o que não quero ouvir salta na mesa. Deuses que envelhecem como se envelhecer não fosse. Impossível não se surpreender. Sei lá. Não sei. O a dois é quase três. Reticências onde pode haver interrogação. Eu sou o meu desejo. Eu sou o melhor que deus achou de fazer de mim. Eu sou uma instalação de um artista pop com lobotomia. É sim. Estou entregue. E tenho ânsia. E faço graça do relógio. E faço graça do tempo. Tem porra nenhuma acontecendo. Amanhã eu penso em depois de amanhã. Até porque sempre será domingo quando eu quiser.

A feliz cidade diz que guarda
no coração dela lá
a tal da felicidade.
Olha aí pela fresta.
Tem uma borboleta voando em silencio em cima de uma rosa matizada.
Eu não sei e sei desse sorriso.
Eu nem espero, e milito na não espera.
No vai e vem de um olho que teima em não me mostrar o que quero ouvir.
Eu não tenho o que estou dizendo que tenho.
Um tambor que bate dentro do peito em um ritmo só.
Arrisco o primeiro passo. Passo?
Um disse que disse uma vez.
Quatro cobras se engolindo no sonho pesadelo.
Eu quero um mar. Quer me dar um mar?
O sábio disse que não vai dizer nada disso. E se disser não prova.
A novidade deixa de ser na hora em que é dita.
E a montanha se desmancha devagar e sempre. Viu?
Eu vou morar em mim. E deve dar certo.
Vou esperar que o remendo se torne amálgama.
Uma tonelada de frases pensadas em um minuto.
Eu engulo compromissos com água.
O homem que olha a máquina cavando um buraco.
Ele é o buraco. É a máquina. O buraco é dentro dele.
É ele o urubu pousado no copo de vinho turvo.
É ele que acorda e cai no buraco que é ele mesmo.
O triste copo de vinho se esconde nos abismos do isso.
E a noite fria engole o homem.
Cheio de buracos.