19 maio, 2009


Não existe água nos dedos
Do dragão que adormece na lagartixa
A brisa é superfície
Assim como é superfície o país da noite
Assim como é superfície a teia da aranha
Que tece a noite
Nunca existente

Não existe água no sexo
Dos párocos das cidadezinhas dos confins
A morte não depende dos inocentes
A morte não aprecia o gosto amargo da cerveja
A morte passeia entre as armadilhas
Que tecem a noite
Nunca existente

14 maio, 2009



E que deus abençoe os cínicos.
Os degenerados.
Os poliglotas.
E que a noite não seja uma criança,
e que envelheça comigo.
E que tenha entre os dedos um
cigarro esquisito e que não faça mal algum.
Um naipe de metal na mão certa.
Um solo de guitarra.
E que deus legisle em causa própria
E não deixe a criação
Comer a bunda do criador.
Que deus demore mais no por do sol
E diminua o horário de trabalho,
Se der, me volte no tempo:
Me faça ter de novo dezoito, ou oito,
Quero aprender a rir de novo como um menino
E aprender a ser cínico
Porque depois de caim, eu sei:
Deus só abençoa os cínicos, os degenerados
E os filhos da puta dos poliglotas

04 maio, 2009


A noite tudo parece
ser mais fácil.
Talvez porque não
dê pra ver
com tanta nitidez
o lixo.
Nem a cara
remelenta do
menino que
chora no semáforo.
A noite tem essa função:
Esconder.
Botar um pano em cima
do que pareçe muito dolorido
das sete da manhã
as seis da tarde
on the rock´s