20 agosto, 2010


A marca de batom na camisa
Um cheiro insuportável
De noite muito boa
Sal de frutas
Comprimido pra dor de cabeça.
Se o telefone não tocar, até o meio dia
É a glória.

19 agosto, 2010


Teus olhos que sigo
Acompanham o giro
Da roda gigante
Você mastiga seus cadarços
E desvenda o velcro
O menino passa com sua bola
O traficante passa dando uma bola
O tempo fica
Teus olhos explodem
O parque fica bem mais bonito

Um centauro canceroso
Acende seu marlboro
E conta pra ninguém
A história real das lendas

18 agosto, 2010


sei da cor do silencio das palavras
de pedra, de couro esticado de lagartos ao sol
sei da inexistencia dos sons
melodramáticos, ecos mortos,
asas de um anjo tão real quanto.
sei de cor a palavra que diz do silencio
do martelo quebrando a pedra
a mão faca arrancando a pele, da alma
do lagarto rei
os sons, quebram os sons
regurgitam gritos
e seguem em direção ao matadouro.

06 agosto, 2010


karimai
(a desnecessidade de palavras)


A lembrança que tenho dele
É de uma cena de filme zen
Água e açúcar em uma pequena colher
Um jardim
A espera de uma borboleta
O que era mais leve?
A borboleta feita de vento
Ou as mãos do mestre?
No fim, não sei se era desenho
A borboleta que bebia água com açúcar na colher
Ou a do papel, saída do coração de karimai
Bateram asas as borboletas e o mestre
O céu está mais bonito e colorido