- Então ela me escreveu uma carta com índice... pensei: onde porra a gente vai parar?! Cartas com índice. Códices. Versículos sem versos. Sículos. Séculos de nada emprenhados em meus gametas de cor nenhuma. Amálgama de nada. Supra sumo da raça, espécie homo. Sapiens? Cartas com índice? Eu mandei ela ler sartre.
- eternizar ela disse. Essa noite, segundo ela, ela faria algo diferente. Pelo desejo absoluto do novo. Pela sensação certeira do ineditismo. Podia ser feio, belo, terrível ou bom. Não importa. Segundo ela não importa de verdade. Ela ligou de um telefone público, disse que dançaria com um vampiro, nua, uma valsa ao luar. Mandei ela apagar o baseado. Ligar o rádio no programa de meteorologia. Mas no fundo sabia: ela dançaria nua. Com ou sem valsa. Com ou sem vampiro.
- falei pra ela que a noite era pra um crime perfeito. Um crime bárbaro. Um porre homérico. Helênico. Estratosférico. Falei pra ela que nessa noite, especificamente, até seria bom salvar alguém de um afogamento. O que eu gritei pra ela, é que numa noite escrota dessas, todas as canções são de amor.
- ela me falou que as dez e meia ela sabotará os planos do presidente. Ela disse que impreterivelmente fará um poema antes da meia noite. Perguntei porque não amanhã? Ela disse não. Só essa noite. Pelo gosto do raro. Pelo cheiro moribundo do eterno.
- me conta que faço performances. Que não amo porra nenhuma. Que aliás, nem sei o que significa a escrotidão do amor. Me chama de velho. E ela quer o novo. O novo. Ovo. Ovo.ovo. falei pra ela que to precisando de uma cerveja gelada. Ouvir uma música bem antiga do djavam. Ela me diz que foda-se as músicas do djavam. Ela quer o djavam na cama dela.
- reclamei. Disse que faltava uma hora e trinta pro dia acabar. Disse que queria dormir. Que tinha fumado o último. Ela me falou que depois de ficar triste é bom reler cartas e ouvir milles davis. Para celebrar. Me conta com uma voz de operadora de telemarketing que os últimos minutos do dia são bons para recolher o pensamento que anda solto...
- as meias noites são sempre absolutamente perigosas. Quando recolho os pensamentos, agarrado a uma boa leitura ou a uns quatro travesseiros, uma sensação gostosa me conforta. E o maior conforto é a vida que parece breve, mas que passa devagar e sempre. Te atravessando como uma adaga cega as vezes. Afiada. Afiada. Afiada. Afiado. Afinado. Como um violão sem aura.
- deixar rolar é hiperbólico. É uma designação de conformismo? Alegria? É só um jogo matrix de dizer coisas. De escrever coisas. De deixar um rastro sutil, para os que se aventurarem.
- eternizar ela disse. Essa noite, segundo ela, ela faria algo diferente. Pelo desejo absoluto do novo. Pela sensação certeira do ineditismo. Podia ser feio, belo, terrível ou bom. Não importa. Segundo ela não importa de verdade. Ela ligou de um telefone público, disse que dançaria com um vampiro, nua, uma valsa ao luar. Mandei ela apagar o baseado. Ligar o rádio no programa de meteorologia. Mas no fundo sabia: ela dançaria nua. Com ou sem valsa. Com ou sem vampiro.
- falei pra ela que a noite era pra um crime perfeito. Um crime bárbaro. Um porre homérico. Helênico. Estratosférico. Falei pra ela que nessa noite, especificamente, até seria bom salvar alguém de um afogamento. O que eu gritei pra ela, é que numa noite escrota dessas, todas as canções são de amor.
- ela me falou que as dez e meia ela sabotará os planos do presidente. Ela disse que impreterivelmente fará um poema antes da meia noite. Perguntei porque não amanhã? Ela disse não. Só essa noite. Pelo gosto do raro. Pelo cheiro moribundo do eterno.
- me conta que faço performances. Que não amo porra nenhuma. Que aliás, nem sei o que significa a escrotidão do amor. Me chama de velho. E ela quer o novo. O novo. Ovo. Ovo.ovo. falei pra ela que to precisando de uma cerveja gelada. Ouvir uma música bem antiga do djavam. Ela me diz que foda-se as músicas do djavam. Ela quer o djavam na cama dela.
- reclamei. Disse que faltava uma hora e trinta pro dia acabar. Disse que queria dormir. Que tinha fumado o último. Ela me falou que depois de ficar triste é bom reler cartas e ouvir milles davis. Para celebrar. Me conta com uma voz de operadora de telemarketing que os últimos minutos do dia são bons para recolher o pensamento que anda solto...
- as meias noites são sempre absolutamente perigosas. Quando recolho os pensamentos, agarrado a uma boa leitura ou a uns quatro travesseiros, uma sensação gostosa me conforta. E o maior conforto é a vida que parece breve, mas que passa devagar e sempre. Te atravessando como uma adaga cega as vezes. Afiada. Afiada. Afiada. Afiado. Afinado. Como um violão sem aura.
- deixar rolar é hiperbólico. É uma designação de conformismo? Alegria? É só um jogo matrix de dizer coisas. De escrever coisas. De deixar um rastro sutil, para os que se aventurarem.
10 comentários:
Cara, faz tempo que não leio algo tão perfeito, tão dentro do que gosto de ler.é por essa e outras que sou teu fã!!!valeu,valeu!!
conto bom pra ler amanhecendo, amanhecendo sem dormir. com ray.... sunshine, etc.
ótimo, como tudo, como sempre.
:)
cezinha coração de ouro
valeu!
tô na trincheira, também gostei da porra do texto. foi feito como quem abre uma lata de sardinha sem usar a chave: com a mão grande, saca?
greff: eis aí o conto prometido. catarse talvez. coração metamorfo. eu homemulher brigando com as paredes sujas do que mora em mim. escrevo esquisito?
é assim: o que leio mais o que regurgito dão nisso.
esquisito? não... peculiar. com ritmo. com ares de quem ia tomar café e tomou conhaque. sabiamente.
Muito esquisito.
Massa ao quadrado.
*digo esquisito não com uma acepção capenga, mas no sentido aoestiloLupeu, saca?
greffiza querida,
gosto da idéia do conhaque trocado sabiamente pelo conhaque. bom te ter por perto.
ricardo dos fundamentos todos, bom te ter na nave também. teu blog é do caralho man. me impressionou a vera. texto e contexto. visual barbarizante.
hasta siempre.
‘brigado, grande Lupeu.
Sinto-me a bordo!
Olá, meu camarada! Poeta das palvras podres, do sorriso de pedra, dos cadáveres vivos, da voz de martelo e o verso bêbado... Tua navalha lateja, Lupeu; pede sangue às virgens que aprenderam apenas a mijar vinagre. Mas o teu corpo atende à sede da maldita, e atua língua desliza sobre a lâmina torta.
Parbéns,poeta!
grande edson!
que comentário meu camarada!!!
adorei: navalhas, cadáveres vivos, mijar vinagre!!!
porra, acho que fazemos parte da mesma escola profana.
um grande e cordial abraço.
hasta la vista, e apareça sempre.
Postar um comentário