15 dezembro, 2009


Aí que quero um oriente. Aí que quero uma montanha com cheiro. Aí que quero um luar de outubro. E um mosquito pousa com delicadeza na página do livro de poesia que leio. Aí que quero um sim insistente. Aí que quero uma fotografia de um fusca em minha parede. Aí que quero uma mulher que caminhe descalça em câmera lenta. E uma vendedora de perfumes aperta com força a campainha da porta da casa que habita em mim. Aí que quero uma mão me acenando na rodoviária. Aí que quero um rio pequeno e limpo surgindo do nada, bem ali, na próxima curva. Aí que quero uma chuva rala, perto do meio dia. O telefone toca. Não vou atender.

3 comentários:

Domingos Barroso disse...

Esse poema comunica-se
profundamente com a infância
mística, reveladora, plena
em si mesma.

E deixe o telefone tocar à toa.

Um forte abraço.

Ricardo Thadeu (Gago) disse...

os desejos são tantos, meu caro
que não cabem num só querer, nem num telefonema


hasta luego

Lupeu Lacerda disse...

grande domingos
lendo sempre além de mim.
um abraço poeta grande

ricardo,
também da tribo dos "deseja-dor"
um super sempre abraço
hasta