26 julho, 2007


Artefatos de vidro e sonho


1
Me vejo no lagarto encantado
que recita versos em cima da pedra
caem folhas outonais
dos lábios dos semáforos em chamas
cariris solitários
pedem a morte em seus mini castelos
nada porque lutar, lugar nenhum pra chegar

Me vejo no lagarto encantado
que torna verde tudo que vê
voam andorinhas de vento
passando pelos ouvidos dos hidrantes
cariris homeopáticos
cheiram a morte em pratos rasos
nada porque sonhar, lugar nenhum pra querer
me vejo no lagarto encantado.
Some. Sumo.

2
Se ousasse, marte
se tentasse, mirtes
se subisse, temesse,
falasse...
morte.

3
Tenho medo e digo: amo
mas poderia dizer qualquer coisa, sim poderia.
Sonho cores impossíveis, penso, só penso
frases recheadas de enigmas paraplégicos.
Mesmo assim tenho medo e digo: amo.
E entendo tão pouco disso que gargalho do que digo.
Acendo velas de cheiros exóticos,
escuto zeca baleiro e chet baker
cozinho coisas esquisitas na panela, dentro de mim.
Os passarinhos, que não entendo, voam no lixo, voam do lixo, voam.
Eu tenho medo, e digo: amo.
E lendo amo nos meus poetas, e ouvindo amo nos meus cantores,
e assistindo amo nos meus filmes mudos, sei
que o que sei é quase nada.
não amo.

4 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Pssssssiu!!!!

Kleber disse...

o futuro do pretérito esconde um segredo. o presente seria se fosse a aparição de um lagarto encantado. o verso e o sentido. Abraço!

Kleber disse...

vive um inverno?
Abraço!

Anônimo disse...

abri esse blog aleatoriamente... gostei. Belo texto!!!