13 novembro, 2009


Meu olho me incomoda. Penso na bíblia sem serventia na sala: “se teu olho etcétera e tal, arranca-o e joga-o na fogueira”. Os caras não eram de brincadeira não. Olho jornais antigos. Gosto de noticias frias. Uma amiga minha fala que amou São Paulo as escuras. Imaginou que fosse o fim do mundo, mas não tinha trilha sonora competente, e ela sacou que era só mais um desastrezinho. Um cara escreveu no jornal “meu deus, eu não vi o rio de janeiro”. Me deu vontade de responder que também não. Fiquei com receio que ele entendesse que eu o estava apoiando, que aquilo era um tipo de oração e tal, não repliquei. Passo em revista as revistas, e meu amigo Gustavo me conta que a uniban não aceita meninas de vestidinho. Se teu olho te envergonha... me cago de medo desse povo que volta e meia proíbe alguma coisa. Mirisola diz que Jesus só anda mal acompanhado. Porra mirisola, você me assusta com sua lucidez. Daí penso que lucidez também pode ser passível de proibição. Assim como também não concordar. – “você nãoconcorda? Seu filho da puta! Vou cortar fora seus testículos para que você não estupre mais ninguém!” ui. Ui. Ui. Se meu olho me incomoda... o pastor quer cortar fora pedaços das pessoas: comeu? Corta o pau. Jogou bola ruim? Corta o pé. Roubou do povo? Recebe um milhão de votos e vai eleito. Minha poesia pede pra passear lá fora, peço pra ela fazer silêncio, que pode ser que apaguem as luzes, que pode ser que eles venham com seus cassetetes pra bater a granel, que pode ser que os picolés derretam, que pode ser que William bonner seja expulso por andar de minissaia expondo a bunda branca de vergonha do jornal nacional.

5 comentários:

Alexandre Heberte disse...

Na noite do apagão eu tecia mais um tecido... Breu, escuro total, não, quase... da minha varanda vi que dois prédios continuavam bem acesos: o do jornal a Folha de São Paulo e o outro do Unibanco onde são compensados os dividendos... Então fiquei a meia luz, nem lá nem cá... Gente me ligando de toda parte e me dando as últimas da hora: tumulto, rebuliço, terminais de onibus e muitas dedadas, com bolsas de gorjetas debandadas pela ocasião e gritos: levaram minha bolsa... Ai ai penso nos dias que saia de casa com abacaxi na cabeça, salto agulha e um shortinho no rabo por conta do calor, me sentia tão bem... Lobos sem estepe estirpe sem brio me atacavam, eu nem aí nem confiança... Foda-se! A vida é para ser vivida do jeito que dá: tá afim de botar peito, põe, tá afim de cagar na rua, faça... Aguenta as ondas, navega de cabeça erguida... Taí, eu não quero ver a bunda branca do Willian, ou quero? Penso sobre isso depois...

A Torre Mágica | Pedro Antônio de Oliveira disse...

Grande Lupeu, meu chapa!

Saudade de você! Tudo na boa?

Gostei do que você escreveu! Quer dizer que a mágica está em mim? Não! Eu acho que a mágica está nos olhos de quem é sábio e sensível diante das coisas invisíveis! É preciso saber enxergar.

Um abração! Te espero sempre na Torre!

Pedro Antônio

Lupeu Lacerda disse...

alex ezra
saudade de tú
irmão aceso no apagão paulista

antonio da torre
valeu a visita
erstou sempre lá, lendo, olhando o céu e viajando.

Ricardo Thadeu (Gago) disse...

"se teu olho etcétera e tal, arranca-o e joga-o na fogueira", os caras não brincavam mesmo, man...

a luz apagou? a bunda fluorescente do bonner é um bom recurso.

Ducaralho, Lupa.
Até.

Antonio Sávio disse...

Lupeu cadê seus escritos pelo CaririCult meu caro? Apareça.
Um abraço.