04 junho, 2007


Gustavo rios cabeção, eu estou com você andando pelas ruas mal iluminadas de sin city de madrugada. Nós dois sabemos da inutilidade de tudo. Mas a bebida engolida as pressas torna o real menos áspero.
Gustavo rios cabeção, a palavra “não” é feminina. É na boca de uma mulher que essa palavra mostra todo o seu poder absoluto de destruição, pavor e escuridão.
Gustavo rios cabeção, eu quis que você estivesse ontem comigo, pra escutar mais uma das minhas histórias tristes. Pra que você bebesse comigo uma dose de qualquer porra forte, e transformasse tudo em uma piada beat sarcástica e cruel.
Gustavo rios cabeção, a dona do meu coração criou asas. E olhando bem no fundo dos meu olhos disse: “eu não amo você”. Quatro palavras. Quatro tiros. Quatro filetes de sangue. Os últimos.
Gustavo rios cabeção, eu poderia te escrever um tanto. Eu poderia te contar de serras que vi. De rios morenos que lavaram meus pés. De músicas esquisitas que sacudiram meu velho coração cariri. De um pôr do sol na serra do Crato, com vinho barato e maconha e poesia. Mas a única coisa que me vem de te dizer é que o resto do meu coração implodiu. Não restou porra nenhuma.
Gustavo rios cabeção, eu estou triste meu camarada. Como há muito tempo eu não ousava. Talvez porque há muito tempo eu não deixava ninguém chegar tão perto. Talvez porque eu tenha certeza que você está absolutamente certo: o amor é feio.

6 comentários:

Anônimo disse...

sem muitas delongas. foda...foda...

pra vc, uma mensagem. do nosso jeito, irmão. vai lá na cozinha do cão

http://cozinhadocao.blogspot.com/2007/06/pra-lupeu-poema-com-uma-minscula-mas.html

Gabriela Cruz disse...

"eu não amo você"


É por isso que sinto sem perguntar, e se eu não perguntar, por favor não me fale. Eu não me importo que você não me ame. Eu amo você. ponto.
Agora caro amigo, é dado o momento de se sentir cortado por dentro.
Ainda mais.

Gabriela Cruz disse...

Amigo Lupeu, sem querer terminar de te lascar, mas olha a letra dessa música do Chico.Fui escutando no caminho da faculdade:

A Rita


A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
O que me é de direito
E Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de são Francisco
E um bom disco de Noel

A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão

Kleber disse...

fosse o que fosse / essa amarga dor / jamais seria doce


Em três versos pode se querer dizer muito. Nunca se diz pouco em um verso sequer. Verso só nem rima. Rimas podem alegrar, podem tornar banal um dito. Já a dor é brutal com ou sem rimas. Gosto de rimas, mas as vezes as rimas não gostam de mim. Escrever um poema sem rimas para vingar a dor, alivia o que era amor. Agora já é um outro amor e com os minutos chamando horas, as horas chamando dias, os dia trazendo meses, outros encontros, outros tempos. Agora, solidariedade onde parece solidão. Abraço forte!

Benny Franklin disse...

Lupeu, Salve!
Entre cacos e merdas que se ve pela blogosfera, te encontrei.
Mesmo não lendo (ainda) teu livro -pelo realise lido, dá pra sacar que é muito bom. Parabéns!
Abçs, Benny Franklin

Helder CESAR pinto disse...

ê cabra, vc tá com a faca e queijo na MÃO (literalmente) é hora de escrever, tectectectec ...depois a gente daqui de fora faz só:clap! clap! clap! clap!...eheheheh!