31 janeiro, 2009


Tatobluesalves

O salto do artista é mágico, transformador. Rompendo barreiras, cria novas concepções do real. Dança na arena da impossibilidade, fazendo da vida um reflexo de sua destreza, manipulando, feito um artífice iconoclasta, os valores do existente, imprimindo-lhes variadas leituras, anárquicas e delirantes. Corre riscos, como todos nós, mas arrisca. Não teme o desconhecido por ser desconhecido, teme, por seus limites fronteiriços, o que aí se encontra como verdade única e imutável. Sabe que a mente flui entre espectros. Que por trás do estabelecido há um segredo perturbador de coloridas formas. Nada é único, nada é imutável, a não ser, talvez, o silêncio obtuso de alguns seres cuja existência se pauta na conformidade das regras. Quebrar essas regras seria tirar-lhes o sentido de estarem vivos, desestruturaria o círculo vicioso em que se meteram, relegando-os ao caos do novo que sempre foi repudiado.
Não obstante, somos nós, enquanto seres pensantes e, não raro, participantes de uma realidade cultural, que detemos o dever de interferir, positivamente, no processo de desenvolvimento de uma dinâmica social que, sabemos bem, segue por vias pouco afeitas à racionalidade.
É hora do salto mortal, quando, num arroubo de perícia e loucura consciente, largamos mão de um apoio milenar, lançando corpo no vazio à procura da nossa própria sensatez. Os espectadores terão que se movimentar, é um ato irreversível.
Vamos canalizar a energia para que da observação acrítica do espetáculo, todos partam para a ribalta, a atuar construtivamente na realização da performance maior da vida. Que cada um incite a novas perspectivas de ação, que cada um se conscientize da importância de agir transformadoramente.
Ainda há tempo.
E se na precipitação da busca perdermos contato com a lucidez redentora, haverá apoio seguro, antes da queda fatal, por parte daqueles que responderam nosso apelo a razão.

“o anarquismo é o anjo da guarda de todo prazer” (hanói hanói)

Para: gustavo rios, salatiel, help, rafa, domingos e zé do vale.

2 comentários:

fabiana disse...

concordo!
só assim que se muda alguma coisa.
e precisa haver razão para mudar?

Anônimo disse...

ainda há tempo. pra bailar. pros saltos na impossibilidade. a transformação genuína. que cheira a vida e outras compatibilidades. ainda há tempo, meu camarada!!