
Anoitece na cidade dos impossíveis. A ponte presidente dutra é o retrato desses impossíveis: um caos. Cenário de blade runner com misturas hiper-realistas de um algum vanguardista europeu. Como disse, anoitece. A barca cruza devagar o velho chico. Indiferente a ponte. Indiferente aos replicantes que cruzam a pé, de barco, de moto, de bicicleta. Na primeira parada, fabinho diz: vamo vê o xamã! Instantes depois, já com a colômbia nas narinas e a loura gelada no coração seguimos viagem. E que viagem...
Acorda, levanta, resolve
Acorda, levanta, resolve
Há uma guerra no nosso caminho
Nos confins do infinito
Nas veredas estreitas do universo
Vejo
As cinzas do tempo
O renascimento
As danças do fogo
Purificação, transporte
Escuto
O trovão que escapou
Lirinha se veste de louco. Parece um pouco com cada um dos que dançam esperando a chuva. Esperando a porrada certeira nos cornos. Luzes no palco. Escuridão. Um candeeiro, e o palco é uma tapera. Em cima da serra. Tem um pé de umbuzeiro na porta. Lá fora os lobos. Os lobos. Os bobos.
Antes do peito dos mouros Antes dos gritos da gente Antes até da saudade Que viajou além-mar Do banzo dos africanos Do toré no mato verde O fogo com seus estalos Fazia um som Já fazia um som Já fazia um som
Duas horas de catarse. De loucura. De gritar ao som dos tambores. De uma hora pra outra, acabou-se. Ruim sair assim. Como se o final não fosse aquele. Como se aqueles tambores nunca mais saíssem. Como se o som nunca mais parasse de explodir. De tocar. O xamã acende um candeeiro. Segura em sua mão de tremes e tremes. Canta. Recita. Eu bebo. Abro os braços. Louvo o santo louco dos loucos da terra dos impossíveis. Aí chove. E lava a mágoa de quem não queria que a noite acabasse. Mas ela sempre acaba. Como tudo. A noite sempre acaba... e chove...
Seu boiadeiro por aqui choveu
Lirinha se veste de louco. Parece um pouco com cada um dos que dançam esperando a chuva. Esperando a porrada certeira nos cornos. Luzes no palco. Escuridão. Um candeeiro, e o palco é uma tapera. Em cima da serra. Tem um pé de umbuzeiro na porta. Lá fora os lobos. Os lobos. Os bobos.
Antes do peito dos mouros Antes dos gritos da gente Antes até da saudade Que viajou além-mar Do banzo dos africanos Do toré no mato verde O fogo com seus estalos Fazia um som Já fazia um som Já fazia um som
Duas horas de catarse. De loucura. De gritar ao som dos tambores. De uma hora pra outra, acabou-se. Ruim sair assim. Como se o final não fosse aquele. Como se aqueles tambores nunca mais saíssem. Como se o som nunca mais parasse de explodir. De tocar. O xamã acende um candeeiro. Segura em sua mão de tremes e tremes. Canta. Recita. Eu bebo. Abro os braços. Louvo o santo louco dos loucos da terra dos impossíveis. Aí chove. E lava a mágoa de quem não queria que a noite acabasse. Mas ela sempre acaba. Como tudo. A noite sempre acaba... e chove...
Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou