15 outubro, 2007


Tempo de fogo
Armas de querer nenhum nas asas dos olhos chamuscados
O tempo? É um. É um verso. É uni verso.
Madalena comia devagar os ossos de seu velho pai enquanto apresentadoras de programas infantis vomitavam meninos e meninas em rede nacional. Madalena lia as páginas do velho diário de sua mãe enquanto seu papagaio cantava músicas esquisitas de duplas sertanejas. Madalena xingava seu avô nagô enquanto suas irmãs dançavam ciranda ouvindo canções imaginárias.
Tempo de água
Almas torturadas presas em corpos magros molhados pelas lágrimas de mil serafins
O tempo? É aço. Cansaço. Estardalhaço.
Madalena ligava o rádio a televisão o computador tudo ao mesmo tempo agora madalena sabia que não tinha tanto tempo pra tanta informação madalena se masturbava ferozmente recitando cantilenas aprendidas em velhas salas de igreja madalena sonhava um vestido de noiva um bom bom de alecrim um filme do gordo e o magro em tecnicolor uma arma uma arma uma arma arma arma
Pra matar
O tempo.

Um comentário:

Carlos Rafael Dias disse...

É tempo de poesia, brother!
Essa arma de matar medíocres...