
Quem é que sabe dos projetos feitos? O dado. Os dados. Seis lados de informações e dados. Onde o projeto de ser feliz? A sementeira de pedra. Sementes lançadas no vento caindo na sétima onda da senhora dona das águas barrentas. Sim. Eu quero sal. Sim. Penso na reza, a mão segurando a outra mão. Com força. Prendendo deus. Segurando um pedido. Que voe. Que voe. Que siga viagem até o primeiro degrau onde deus passeia com seu regador de plástico verde. Um amigo diz que deus só fala e entende hebraico. Deve ser. Deve ser não. Na dúvida traduzo a prece. Mando em bilhete. No pé do santo da igreja matriz. Saio com raiva da humanidade. Gente demais na igreja. Como ele vai ter tempo de atender todo mundo? Gente demais. Tantas igrejas... Porque eles não escolhem outra? Se não atender o meu, vai ser por falta de tempo. Ou vontade. Será que deus tem vontade? Ou é minha a vontade de que agnóstico sendo ele me prove o contrário? Quero um sinal. Quero um milhão de dólares. Quero viver duzentos anos. Comendo o pastel com caldo de cana escuto o rádio: “entender a dor”, é preciso. Entender a dor? Entender a dor... A dor se sente. A dor se supera. Até se transformar na ausência da dor. Que é uma dor mais sutil, mas não menos escrota, não menos letal. O menino que ri do meu passado ri na beira do rio raso. Amigos míopes brincando de já ser gente grande. Olhando o asfalto como novidade, e odiando os intrusos. Nada de poesia. Viver era a regra. Barrigas abertas de sapos tristes. Assassinos meninos no colégio dos padres. Ninguém tinha morrido ainda, até que ciço neguinho inaugurou a escada pro nada. Nada pra temer. O submarino amarelo tocava rock. A mulher bonita ensinava a trepar. E gostar, era coisa muito. Muito simples. Aprendi a crer que crer não era a crença certa. Era ato. E sabendo que a pirâmide de cristal nada era, nada é, nada será, abri os olhos. Envelheci.